sábado, 17 de dezembro de 2011

Se eu pudesse eu matava mil


Hoje não irei postar um texto meu, mas no qual me incluo. A autora é nada mais ou menos que Iuska Rolski, uma irmã que conheci no show da freira rapper entre uma roda de break e outra.
Nada mais. Att.


Quando eu era adolescente, eu odiava. Odiava muito, odiava com tal intensidade que me doía o estômago.Eu me enervava e implodia em pranto enfurecido porque me diziam pra não explodir. Diziam que eu não tinha o direito de explodir. Que eu devia guardar minhas opiniões para mim, que só assim respeitaria a opinião alheia. Mentiram pra mim com um discurso de compreensão e me fizeram amargar minhas raivas em nome do "respeito" ao outro.
Eu, como toda adolescente (deveria ser), era uma revolucionária, tinha opiniões sobre quase tudo -boas opiniões como vejo hoje em dia. E por ser uma revolucionária aprendi a odiar a palavra MORALISTA. Não havia como escrever essa palavra em letras minúsculas, ela era meu maior inimigo, me inspirava ódio e me causava medo, e eu não teria medo de palavras minúsculas, eu era corajosa. Meu único medo na adolescência, e posso dizer com segurança, era ser chamada de MORALISTA, e por ter pavor disso parei de bradar minhas convicções, porque sempre poderia haver alguém que pudesse considerá-las MORALISTAS.

Então eu cresci, entrei na universidade e conheci uma amiga,uma irmã, a quem chamavam de MORALISTA, e percebi que eu compartilhava dos valores daquela destemida. Foram quatro anos de desconstruções em mim, de rearranjos até o que sou hoje. Hoje me chamam moralista, mas não é maiúscula a palavra. Me chamam de moralista porque hoje não tenho vergonha odiar o que odeio. Não tenho medo de reprovar abertamente o que reprovo internamente. Me chamam de moralista porque acho que drogas são um desserviço para o ser, mais uma forma de alienação disfarçada de liberdade. Me chamam assim porque tenho senso de preservação da vida, porque acredito ser desesperadoramente necessário pensar no futuro enquanto humanidade,porque sei que viver como se não houvesse amanhã é egoísmo, porque acho que o exemplo é a única coisa que se pode deixar para alguém,por mais vago que isso seja. Sim, eu desprezo os comportamentos que vejo sendo despreocupada e alienadamente reproduzidos. Meu desprezo pelo nocivo, pelo inconsequente e pelo inútil me faz moralista?

Eu não me importo com a resposta, na verdade, pois só eu sei das batalhas que enfrento contra tantas coisas realmente reacionárias, contra valores podres. A quem me chamar de moralista, apenas uma resposta caberá: Aham,Claudia.Senta lá.

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